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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A TRAJETÓRIA DO GUARANI 2003: A CONQUISTA PARA A ELITE

Na administração do Mazzola houve reforma estatutária e o mandato passou a ser de dois anos. No segundo ano de seu mandato, com o Vilson do Cartório como vice, as coisas mudaram. O Moizes conseguiu o patrocínio do Bingo Monte Carlo, o Vilson conseguiu apoios de empresas palhocenses: do Supermercados Rosa, Inpremol e outras. O Sr. Roberto Alcântara, proprietário do Bingo, tinha um programa esportivo chamado Ninho do Esporte que era comandado pelo Américo Vargas. O Ninho do Esporte acabou virando um projeto esportivo do empresário.
Naquele ano procuramos o Figueirense para fazermos uma parceria e não é que ela aconteceu? A equipe do Estreito colocou 12 jogadores pagos por eles e a exigência foi de indicar a comissão técnica, que seria paga por nós. A Comissão ficou com a seguinte composição: Técnico Sergio Lopes, Auxiliar Torino, Treinador de goleiros: Nosso saudoso Pinga e o preparador físico o Izazé o projeto ficou forte e começamos a desconfiar de que poderíamos antecipar aquilo que projetamos para 2010. Realizamos um bom primeiro turno, mas perdemos em casa para o Concórdia na prorrogação. Terminado o primeiro turno, fizemos uma reunião de avaliação com os diretores do Figueirense e o patrocinador. Nessa avaliação houve discordâncias e o patrocinador, Seu Roberto Alcântara, deu um soco na mesa e disse: “Ou troca a comissão técnica ou estou fora”. E o Figueirense, por sua vez, disse: “se trocarem a comissão técnica nós retiramos todos nossos atletas”.
A reunião terminou e o dilema ficou no ar. Imaginem a cabeça do nosso presidente! Ele tentou ponderar com o Roberto, mas sem sucesso. “Ou eles ou eu, escolhe Mazzola”. O Presidente acabou optando por aquele que estava botando dinheiro no Clube e abriu mão do todo poderoso Figueirense. Era uma sexta-feira, 19 de setembro, estava comemorando mais um aniversário, e durante a festa chegaram o Presidente e o patrocinador para me convidarem à assumir o comando técnico da equipe.
Eles me ofereceram R$ 600, eu ponderei, pois tinha assumido uma gerência na SDR e o salário era bem melhor e o tempo de contrato também era maior, mas enfim, era a realização de um sonho e acabei aceitando. O difícil foi convencer as pessoas que trabalhavam comigo e o próprio Secretário Gallina da minha decisão. “Tu só podes estar ficando louco!”, me disse o Secretário, pois naquela ocasião nem eu tinha mais certeza da minha lucidez...
Assumi a equipe com o Edson Néri de auxiliar e o Izazé de preparador físico e com menos 12 jogadores, a maioria deles titulares. O pior era que só tínhamos mais alguns dias para contratar, pois após a primeira rodada do returno encerravam as inscrições.
A minha única contratação foi o Gilmar Serafim. Fui buscar o guerreiro lá no alto da montanha, lá no pico do Mocotó. Alguns diziam que se tratava de um ex-jogador e ele provou que ainda era o cara: botou a faixa de capitão e liderou nosso grupo dentro de campo e, numa campanha sem retoques, fomos Campeões invictos.
Matamos todos nossos adversários. O duelo mais acirrado foi sempre contra o Timbó. Acabamos sagrando-nos campeões fora de casa, lá no Vale. Nossa torcida teve uma mobilização fora de série; foram alguns micro-ônibus até Timbó - só o nosso atual prefeito, que na época era apenas torcedor, alugou seis e colocou à disposição dos torcedores.
Tenho que confessar que o “Ninho do Esporte” nos ajudou muito em nossa campanha, pois era um programa de TV que fazia toda cobertura de nossa trajetória e isso, além de motivar, inibia qualquer ação extra-campo.
Mais uma historinha: Estávamos fazendo um apronto para o jogo final no campo do Avante e tivemos a visita do nosso Presidente e do patrocinador, Seu Roberto. Ele me chamou e disse: “eu não falo com atletas, mas tu vai lá e diz para eles escutarem o programa da rádio Guarujá das 18:00 que eles terão novidades”. Essa novidade era sobre a premiação que os atletas estavam pleiteando. Eu dei a notícia e de imediato o Izazé, que era o preparador físico, disse: “vamos embora já, o alongamento vai ser no Guarani”.
Chegamos no Renato Silveira, o Jacson, nosso meia diferenciado, tinha um Corsinha com aqueles auto-falantes no porta malas. Sintonizou na rádio e, enquanto alongávamos, escutávamos os comentaristas. Num dos intervalos do programa deu uma chamada: “Guarani terá premiação de primeira divisão para ganhar a segundona do catarinense”.
A galera vibrou e fomos todos para perto do carro ouvir a notícia e, numa entrevista, o patrocinador disse que daria R$ 50 mil de premiação para ser dividido entre os atletas e comissão técnica e mais um carro para ser sorteado entre os envolvidos.
Os atletas foram à loucura; começaram a fazer contas, rapidinho decidiram que aquele que ganhasse o carro venderia e o dinheiro entraria no bolo; já estava tudo acertado. Tenho que fazer mais uma confissão: essa promessa também me ajudou a ganhar a competição, pois motivou demais a nossa equipe que tinha uma folha salarial de aproximadamente R$ 8 mil.
Para vocês terem uma ideia, alguns jogadores me procuraram e pediram para que eu não revelasse o valor de seus salários, pois isso dificultaria uma próxima negociação com outros clubes. Fomos campeões fora de casa, só tinha uma vaga para subir, não ganhamos a premiação prometida e o nosso patrocinador sumiu.
Chegamos em Palhoça numa festa enlouquecedora, aqueles que dizem que o Guarani não tem torcida não viveram estes momentos. No dia seguinte desfilamos em carro do Corpo de Bombeiro, sendo ovacionados por toda a Palhoça. Futebol se vive de vitórias e é por isso que temos que continuar competindo!
Na próxima edição vocês vão saber da trajetória do Guarani na Primeira Divisão. Até
!

2 comentários:

  1. Caramba!
    Dias inesquecíveis, fazem parte da minha vida.
    Sem vergonha de dizer: me arrepiei lendo e lembrando daqueles dias.
    Simplesmente emoção indescritível.

    Valeu Amaro!

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  2. Parabéns Amaro!
    Você foi quase perfeito!
    Só faltou dizer porque a premiação não foi paga.
    Caso "não se recorde", consulte o presidente da época, sr. Mazzola, homem íntegro e justo, o qual poderá ajudar-lhe a reavivar sua memória, e a completar seu relato.

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