Na administração do Mazzola houve reforma estatutária e o mandato passou a ser de dois anos. No segundo ano de seu mandato, com o Vilson do Cartório como vice, as coisas mudaram. O Moizes conseguiu o patrocínio do Bingo Monte Carlo, o Vilson conseguiu apoios de empresas palhocenses: do Supermercados Rosa, Inpremol e outras. O Sr. Roberto Alcântara, proprietário do Bingo, tinha um programa esportivo chamado Ninho do Esporte que era comandado pelo Américo Vargas. O Ninho do Esporte acabou virando um projeto esportivo do empresário.
Naquele ano procuramos o Figueirense para fazermos uma parceria e não é que ela aconteceu? A equipe do Estreito colocou 12 jogadores pagos por eles e a exigência foi de indicar a comissão técnica, que seria paga por nós. A Comissão ficou com a seguinte composição: Técnico Sergio Lopes, Auxiliar Torino, Treinador de goleiros: Nosso saudoso Pinga e o preparador físico o Izazé o projeto ficou forte e começamos a desconfiar de que poderíamos antecipar aquilo que projetamos para 2010. Realizamos um bom primeiro turno, mas perdemos em casa para o Concórdia na prorrogação. Terminado o primeiro turno, fizemos uma reunião de avaliação com os diretores do Figueirense e o patrocinador. Nessa avaliação houve discordâncias e o patrocinador, Seu Roberto Alcântara, deu um soco na mesa e disse: “Ou troca a comissão técnica ou estou fora”. E o Figueirense, por sua vez, disse: “se trocarem a comissão técnica nós retiramos todos nossos atletas”.
A reunião terminou e o dilema ficou no ar. Imaginem a cabeça do nosso presidente! Ele tentou ponderar com o Roberto, mas sem sucesso. “Ou eles ou eu, escolhe Mazzola”. O Presidente acabou optando por aquele que estava botando dinheiro no Clube e abriu mão do todo poderoso Figueirense. Era uma sexta-feira, 19 de setembro, estava comemorando mais um aniversário, e durante a festa chegaram o Presidente e o patrocinador para me convidarem à assumir o comando técnico da equipe.
Eles me ofereceram R$ 600, eu ponderei, pois tinha assumido uma gerência na SDR e o salário era bem melhor e o tempo de contrato também era maior, mas enfim, era a realização de um sonho e acabei aceitando. O difícil foi convencer as pessoas que trabalhavam comigo e o próprio Secretário Gallina da minha decisão. “Tu só podes estar ficando louco!”, me disse o Secretário, pois naquela ocasião nem eu tinha mais certeza da minha lucidez...
Assumi a equipe com o Edson Néri de auxiliar e o Izazé de preparador físico e com menos 12 jogadores, a maioria deles titulares. O pior era que só tínhamos mais alguns dias para contratar, pois após a primeira rodada do returno encerravam as inscrições.
A minha única contratação foi o Gilmar Serafim. Fui buscar o guerreiro lá no alto da montanha, lá no pico do Mocotó. Alguns diziam que se tratava de um ex-jogador e ele provou que ainda era o cara: botou a faixa de capitão e liderou nosso grupo dentro de campo e, numa campanha sem retoques, fomos Campeões invictos.
Matamos todos nossos adversários. O duelo mais acirrado foi sempre contra o Timbó. Acabamos sagrando-nos campeões fora de casa, lá no Vale. Nossa torcida teve uma mobilização fora de série; foram alguns micro-ônibus até Timbó - só o nosso atual prefeito, que na época era apenas torcedor, alugou seis e colocou à disposição dos torcedores.
Tenho que confessar que o “Ninho do Esporte” nos ajudou muito em nossa campanha, pois era um programa de TV que fazia toda cobertura de nossa trajetória e isso, além de motivar, inibia qualquer ação extra-campo.
Mais uma historinha: Estávamos fazendo um apronto para o jogo final no campo do Avante e tivemos a visita do nosso Presidente e do patrocinador, Seu Roberto. Ele me chamou e disse: “eu não falo com atletas, mas tu vai lá e diz para eles escutarem o programa da rádio Guarujá das 18:00 que eles terão novidades”. Essa novidade era sobre a premiação que os atletas estavam pleiteando. Eu dei a notícia e de imediato o Izazé, que era o preparador físico, disse: “vamos embora já, o alongamento vai ser no Guarani”.
Chegamos no Renato Silveira, o Jacson, nosso meia diferenciado, tinha um Corsinha com aqueles auto-falantes no porta malas. Sintonizou na rádio e, enquanto alongávamos, escutávamos os comentaristas. Num dos intervalos do programa deu uma chamada: “Guarani terá premiação de primeira divisão para ganhar a segundona do catarinense”.
A galera vibrou e fomos todos para perto do carro ouvir a notícia e, numa entrevista, o patrocinador disse que daria R$ 50 mil de premiação para ser dividido entre os atletas e comissão técnica e mais um carro para ser sorteado entre os envolvidos.
Os atletas foram à loucura; começaram a fazer contas, rapidinho decidiram que aquele que ganhasse o carro venderia e o dinheiro entraria no bolo; já estava tudo acertado. Tenho que fazer mais uma confissão: essa promessa também me ajudou a ganhar a competição, pois motivou demais a nossa equipe que tinha uma folha salarial de aproximadamente R$ 8 mil.
Para vocês terem uma ideia, alguns jogadores me procuraram e pediram para que eu não revelasse o valor de seus salários, pois isso dificultaria uma próxima negociação com outros clubes. Fomos campeões fora de casa, só tinha uma vaga para subir, não ganhamos a premiação prometida e o nosso patrocinador sumiu.
Chegamos em Palhoça numa festa enlouquecedora, aqueles que dizem que o Guarani não tem torcida não viveram estes momentos. No dia seguinte desfilamos em carro do Corpo de Bombeiro, sendo ovacionados por toda a Palhoça. Futebol se vive de vitórias e é por isso que temos que continuar competindo!
Na próxima edição vocês vão saber da trajetória do Guarani na Primeira Divisão. Até!
Naquele ano procuramos o Figueirense para fazermos uma parceria e não é que ela aconteceu? A equipe do Estreito colocou 12 jogadores pagos por eles e a exigência foi de indicar a comissão técnica, que seria paga por nós. A Comissão ficou com a seguinte composição: Técnico Sergio Lopes, Auxiliar Torino, Treinador de goleiros: Nosso saudoso Pinga e o preparador físico o Izazé o projeto ficou forte e começamos a desconfiar de que poderíamos antecipar aquilo que projetamos para 2010. Realizamos um bom primeiro turno, mas perdemos em casa para o Concórdia na prorrogação. Terminado o primeiro turno, fizemos uma reunião de avaliação com os diretores do Figueirense e o patrocinador. Nessa avaliação houve discordâncias e o patrocinador, Seu Roberto Alcântara, deu um soco na mesa e disse: “Ou troca a comissão técnica ou estou fora”. E o Figueirense, por sua vez, disse: “se trocarem a comissão técnica nós retiramos todos nossos atletas”.
A reunião terminou e o dilema ficou no ar. Imaginem a cabeça do nosso presidente! Ele tentou ponderar com o Roberto, mas sem sucesso. “Ou eles ou eu, escolhe Mazzola”. O Presidente acabou optando por aquele que estava botando dinheiro no Clube e abriu mão do todo poderoso Figueirense. Era uma sexta-feira, 19 de setembro, estava comemorando mais um aniversário, e durante a festa chegaram o Presidente e o patrocinador para me convidarem à assumir o comando técnico da equipe.
Eles me ofereceram R$ 600, eu ponderei, pois tinha assumido uma gerência na SDR e o salário era bem melhor e o tempo de contrato também era maior, mas enfim, era a realização de um sonho e acabei aceitando. O difícil foi convencer as pessoas que trabalhavam comigo e o próprio Secretário Gallina da minha decisão. “Tu só podes estar ficando louco!”, me disse o Secretário, pois naquela ocasião nem eu tinha mais certeza da minha lucidez...
Assumi a equipe com o Edson Néri de auxiliar e o Izazé de preparador físico e com menos 12 jogadores, a maioria deles titulares. O pior era que só tínhamos mais alguns dias para contratar, pois após a primeira rodada do returno encerravam as inscrições.
A minha única contratação foi o Gilmar Serafim. Fui buscar o guerreiro lá no alto da montanha, lá no pico do Mocotó. Alguns diziam que se tratava de um ex-jogador e ele provou que ainda era o cara: botou a faixa de capitão e liderou nosso grupo dentro de campo e, numa campanha sem retoques, fomos Campeões invictos.
Matamos todos nossos adversários. O duelo mais acirrado foi sempre contra o Timbó. Acabamos sagrando-nos campeões fora de casa, lá no Vale. Nossa torcida teve uma mobilização fora de série; foram alguns micro-ônibus até Timbó - só o nosso atual prefeito, que na época era apenas torcedor, alugou seis e colocou à disposição dos torcedores.
Tenho que confessar que o “Ninho do Esporte” nos ajudou muito em nossa campanha, pois era um programa de TV que fazia toda cobertura de nossa trajetória e isso, além de motivar, inibia qualquer ação extra-campo.
Mais uma historinha: Estávamos fazendo um apronto para o jogo final no campo do Avante e tivemos a visita do nosso Presidente e do patrocinador, Seu Roberto. Ele me chamou e disse: “eu não falo com atletas, mas tu vai lá e diz para eles escutarem o programa da rádio Guarujá das 18:00 que eles terão novidades”. Essa novidade era sobre a premiação que os atletas estavam pleiteando. Eu dei a notícia e de imediato o Izazé, que era o preparador físico, disse: “vamos embora já, o alongamento vai ser no Guarani”.
Chegamos no Renato Silveira, o Jacson, nosso meia diferenciado, tinha um Corsinha com aqueles auto-falantes no porta malas. Sintonizou na rádio e, enquanto alongávamos, escutávamos os comentaristas. Num dos intervalos do programa deu uma chamada: “Guarani terá premiação de primeira divisão para ganhar a segundona do catarinense”.
A galera vibrou e fomos todos para perto do carro ouvir a notícia e, numa entrevista, o patrocinador disse que daria R$ 50 mil de premiação para ser dividido entre os atletas e comissão técnica e mais um carro para ser sorteado entre os envolvidos.
Os atletas foram à loucura; começaram a fazer contas, rapidinho decidiram que aquele que ganhasse o carro venderia e o dinheiro entraria no bolo; já estava tudo acertado. Tenho que fazer mais uma confissão: essa promessa também me ajudou a ganhar a competição, pois motivou demais a nossa equipe que tinha uma folha salarial de aproximadamente R$ 8 mil.
Para vocês terem uma ideia, alguns jogadores me procuraram e pediram para que eu não revelasse o valor de seus salários, pois isso dificultaria uma próxima negociação com outros clubes. Fomos campeões fora de casa, só tinha uma vaga para subir, não ganhamos a premiação prometida e o nosso patrocinador sumiu.
Chegamos em Palhoça numa festa enlouquecedora, aqueles que dizem que o Guarani não tem torcida não viveram estes momentos. No dia seguinte desfilamos em carro do Corpo de Bombeiro, sendo ovacionados por toda a Palhoça. Futebol se vive de vitórias e é por isso que temos que continuar competindo!
Na próxima edição vocês vão saber da trajetória do Guarani na Primeira Divisão. Até!
Caramba!
ResponderExcluirDias inesquecíveis, fazem parte da minha vida.
Sem vergonha de dizer: me arrepiei lendo e lembrando daqueles dias.
Simplesmente emoção indescritível.
Valeu Amaro!
Parabéns Amaro!
ResponderExcluirVocê foi quase perfeito!
Só faltou dizer porque a premiação não foi paga.
Caso "não se recorde", consulte o presidente da época, sr. Mazzola, homem íntegro e justo, o qual poderá ajudar-lhe a reavivar sua memória, e a completar seu relato.